domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Canção


O mar canta
Como quem solta
A nota mais perfeita
Da serenidade completa

Solta a mais
Eloquente nota
Sentida e proferida
Num final de tarde
Sentido ao sabor
Da maresia

Contempla cada
Onda e cada hexágono
Onde a inspiração
Retorna e volta
Para aquecer a alma
Dos perdidos
Nos momentos da vida
Percorridos

O sol encanta
A cada raio
Em que toca o coração
Da canção
Onde a vida é
Percorrida e levada
A sentir o pequeno
Prazer da cantoria
E de viver

Viver ao sabor
Da canção!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Perguntas Tu


“O que queres?”
Perguntas tu
Com o oceano
Enclausurado nos olhos
Como se a qualquer momento
Esperasses que arranca-se do peito
A tristeza e o pavor
Da incerteza sentida

“O que queres?”
È a prorrogativa sábia
Do espectáculo avassalador
Daquilo que é
A minha vida
A pergunta interior
Muitas vezes
Não respondida
Nem percebida

O que quero…
É fácil de perceber
E difícil de entender
Porque nem eu
Me consigo definir
Nem encontrar
Neste Mundo
Tão singular

Viagem atribulada


Sob o teu cheiro
Deitada na cama vazia
Escorrem-me da face
Gotas com sabor a pensamentos
Desilusões, tristezas
De actos encenados
Por duas personagens reais
Sem recurso a guião
Cenas interpretadas
Na perfeição
Por dois amantes
Que não se dão

Discutem constantemente
Por vezes sem razão
Agora um sim
Depois outro não
Construindo o pior
De uma relação
A barreira invisível
Daquela constelação

Um porque não ouve
O outro porque não quebra
Consegue uma relação
Ultrapassar a tormenta?

Perfeitos Olhos


Porque está tudo a ser tão difícil?
Seria de esperar desigualdades
Teimosias, conflitos, conversas
Mas essas ficam apenas para ti
Porque eu não me faço ouvir
Ou então, será que ouves?

Conversas… essas eram boas
Refrescantes, escaldantes, bem dispostas
Agora?
Existem… mas não com a mesma facilidade
Essas não… foram embora
Ficaram as palavras
Proferidas com sete pedras
Onde a expressão exala
Nenhum viver de alegria
Nada!
Apenas o som dorido
Do que se ouve
Do que se sente
Do que marca

Aquela sensação de vazio
Começa a entrar
Não pede licença
Não consigo dizer que não
Apenas perdura… aumenta
A cada palavra
A cada gesto
A cada momento
Vivenciado a teu lado!

Era de esperar… que fosse difícil
Ninguém diz o contrário
O problema?
Está a ser difícil demais
Está a ser demasiado doloroso
Sofrido
Convertido em lágrimas
Em ambos

Não… não está a ser fácil
Ultrapassar e andar em frente
Deixar cair o pano
Aguentar cada bocado
Do teu EU
Eu quero… Eu isto… Eu consigo…
Eu sei… Eu faço…
Eu… Eu…Eu…
Cada frase que proferes
A cada palavra que absorvo
És Tu… Tu… Tu

Sei que não sou fácil
Tenho consciência
Sou mandona…
Intolerante por vezes, teimosa, orgulhosa
Individualista… tal como me chamas
Mimada, menina da mamã, egoísta
Mas sei acima de tudo
Que o melhor em mim
É ouvir… escrever
Não que o tenha feito muito
Escrever
Mas ouvir é a minha especialidade
E eu ouço
Tanto ouço que me tento moldar em ti
E dar-te o espaço
O tempo que precisas
Para encontrares a resposta
Da tua zona de conforto
Não posso é continuar a tolerar
A tua falta de expressão
Feliz
Por me amares

Estou cansada
Completamente esgotada
De te tentar agradar
De te sentir agradecido
Feliz e amado
Por estares a meu lado

De ti só vem nuvens negras
Carregadas de tempestade
Prontas a explodir
Por tudo e por nada
Sim… estou cansada
De tentar que te sintas bem
Confortável
De tentar ser quem não sou
De tentar ser quem esperar que seja
Sim… estou esgotada
De não fazer nada certo
Aos teus perfeitos olhos

Feitiço do amor


Acordo a teu lado
Abraço o dia com ternura
Juntando o teu corpo ao meu
Beijo cada milímetro
Dos raios luminosos
Radiados de felicidade
Que se soltam no teu olhar
Acarinho o momento
Os pormenores das sombras
Do teu corpo junto ao meu
Percorro lentamente o vale
A cascata e a gruta
Encontrando a alegria
Pelo prazer de te procurar
Desejo a eternidade
Da felicidade partilhada
Onde o teu corpo
Se une ao meu
Exaltando o feitiço do amor

Há que acreditar!


Sim...
Ainda continuo a sonhar
Que o amor irá chegar
Que a felicidade semeará
A paz no seu lugar

Sim...
Ainda acredito na cumplicidade
Do olhar
E do beijo escondido
Que depressa acenderá
O fogo enraivecido

Sim...
Ainda acredito na jura
Do compromisso
Do eterno e ambíguo
Silêncio dos perdidos
Que se encontram

Sim...
Ainda acredito no toque
Sem sentido
Ou apenas reconhecido
Entre dois corpos
Despidos

Sim...
Ainda acredito no momento
Revelado e encorajado
Entre os olhares perdidos
De dois apaixonados
Descobertos mas vestidos

Sim...
Ainda acredito no destino
De que à coisas com sentido
Desejado e apetecido
Presos
No abismo

Sim...
Ainda acredito no irreflectido
No acaso dos sentidos
Onde a partilha é consumida
Mesmo sem ser ouvida
Apenas saboreada

Sim...
Ainda acredito no desejo do momento
No apetite do silêncio
Onde o pensamento
Se torna uma imagem
Fotografada e recordada