segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Contigo Vivi


Quem iria imaginar
Que te poderia sonhar
Quem iria presumir
Que te poderia exprimir
Quem iria acordar
Meu lado sentir
Realidade a existir
Pra agora abraçar
Acordada viver
Sem esquecer
Que é ser
Ter e querer
Contigo
Comigo
No reboliço
Do compromisso
Onde me esperas
Sem aviso
No aguardo
Do quadro
Pago
Mas em branco
Porque eu existo
Sem existir
Porque eu insisto
Sem insistir
Em não perceber
A razão
Para a desilusão
Do refrear
Exaustão
Pura depreciação
Em negação
Mas contigo, não
Sem explicação
Sem definição
Apenas pura
Tentação
Louca
Sedutora
Inquestionável
Vibração
Para tamanha
Emoção
De prazer
De redenção
Que me deixo cair
Nos teus braços
Nos teus olhos
Nas tuas palavras
Sem me questionar
Se é verdade
Se devo assustar
Se devo gatinhar
Para te perder
Hoje, agora, amanhã
No silêncio
Do sentir
Para sempre partir
Sorrir
Saber: “Contigo vivi”      

À Professora de Inglês

Por entre livros
E palavras estranhas
De –ing e façanhas

A brincar aprendemos
Nas aulas brincamos
E sempre brindamos
Ao que sabemos

Nas aulas viajamos
Sem dela sairmos
Uma nova língua exploramos
E sem mais praticamos

No fim do percurso
Já encontrámos sentido
Pois no meio do discurso
Reconhecemos que aprendemos

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Senhor de mim

Caminho em saltos
A correr
Para te encontrar
Caminho descalça
A soletrar
A canção que na cabeça faz soar
A tua presença a ecoar
No sorriso difícil de ocultar

Sentado a ler
Estás tu
Como te abordar
No gentil covil
Oh senhor de mim

Tocou-te e sinto-me
Falo-te e ouço-me
Sonho-te e acordas-me
Agora estou aqui
Oh senhor de mim

No Amo.te sofá
De rosa a lilás
Palavras voam
E nascem maçãs
Do mais doce que há
Na peça de tetro
Os toques trocados
Nos recados viajados
Ao sabor do maracujá

Finjo que não vejo
Finjo que não me olhas
Finjo que estou a fingir
Mas sei que olho pra ti

Digo o que sou
Digo o que sinto
Digo que existo
Quero-te perto de mim
Agora sim
Volta-te
E olha o que sinto

Sentado a ler
Estás tu
Como te abordar
No gentil covil
Oh senhor de mim

Tocou-te e sinto-me
Falo-te e ouço-me
Sonho-te e acordas-me
Agora estou aqui
Oh senhor de mim

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lar

Desprovida de sentimentos
Vagueio por entre a sombra dos pensamentos
Assolapada pela herança fragmentada
Dos baús chamados fachada
Onde me enterro
E não valho nada

Oh miúda pra onde vais?
Chega aqui, não vás
Vem tomar o teu lugar
Neste vale sombra
Chamado lar

Quem és tu? Voz veloz
Que te conheço na metade da noz
Embalando a conserva de todos nós
Hoje e agora, na ribeira da foz

Vazia por dentro
Desprovida de fingimento
Olhar sem lugar
Vagueia em salvamento
Cavalgando assolapada
Por entre o prado e o preto
Procurando o baú do encantamento
Aprisionado de empurrão
Na cela da solidão
Onde me encontro
Ou não

Oh miúda donde vens?
Chega aqui, parabéns
Vem tomar o meu lugar
Neste vale medo
Chamado lar

Quem és tu? Voz veloz
Que te conheço na metade da noz
Embalando a conserva de todos nós
Hoje e agora, na ribeira da foz

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Jus na Fonte

Fecho a porta do carro. Sigo em frente sem olhar para trás, sem olhar para ti, sem olhar para nós, sem olhar para o passado. Percorro o caminho anestesiada pela presença da existência humana e como cada pormenor afecta até o mais ínfimo descrente. Cada passo uma ideologia constrangedora de saberes e sabores nacionais e ficcionais que alimentam quem os consegue absorver na imensidão do ser e do vazio repleto de luz incandescente que nos assolapa a cada murmúrio teatral. Cada gesto uma compensação de algo inerentemente proporcional ao feito e feitio de quem éramos, somos e seremos com ou sem género, com ou sem capacidade para sentir o que de mais importante sustém a sanidade térrea do prazer descompensado em que a loucura se torna no aliado sem cúmplice a rastejar como peso morto ou vivo sem vivência ou explicação. Cada balanço uma libertação sem exagero de algo esquecido ou apenas adormecido no recôndito dos tempos perdidos ou marcados no ser, o ser que caminha junto a nós como alma ou bicho de estimação a quem queremos muito e também mal, a quem pedimos perdão e rimos... como falcão a planar o monte em busca do sim e do não. Cada olhar nova forma de expressão vincada sob o pretexto da razão com ou sem capacidade para a acidez do antigo ou novo a experimentar o corpo, saco preto jogado sobre o manto do prazer onde a existência ou falta dela faz de nós pequenos parasitas emocionalmente ou não perdidos na pandemia da experiência da previsão e sabor resumido a odor com ou sem dor. Cada detalhe projectado sob a forma de moda com ou sem nexo de estação onde temos a sensação de querermos ser sempre mais com ou sem solução para parecermos iguais cópias do mesmo significado ou sem ele como ratos no labirinto à procura da saída mais próxima para a perfeição acompanhada da ilusão de pertença pela mão tomando o controlo babilónico da erupção. Cada postura uma sugestão, um preliminar da natureza validado pela abstenção da maioria antagónica em regime de liberdade condicional apática ou não movimentada através dos escombros insignificantes da sociedade prisional insistindo coerentemente em viver ou sobreviver dentro de si, de cada um de nós eternos mercenários da vida que nada apressamos a não ser existir ou subsistir. Cada passo, gesto, balanço, olhar, detalhe, postura se incorpora na soltura ganha e perdida pelo tempo caminhado ao mesmo tempo perdido no desafio da existência pessoal social onde cada um de nós mergulha na diferença da raça imaginária que produz o sonho individual de conquistas e guerras desbravadas pelo negro da personalidade simultaneamente enriquecido na doçura da beleza sedutora torneando a fraqueza da mente em plenos nenúfares de orgia brilhante onde as ideias nascem e o paraíso se sente camuflado pela presença ensurdecedora da música intemporal… sobre a vida.

Abro a porta do carro. Morro para o dia. Ouço o mote. Jus na fonte. Que mergulhei.