segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lar

Desprovida de sentimentos
Vagueio por entre a sombra dos pensamentos
Assolapada pela herança fragmentada
Dos baús chamados fachada
Onde me enterro
E não valho nada

Oh miúda pra onde vais?
Chega aqui, não vás
Vem tomar o teu lugar
Neste vale sombra
Chamado lar

Quem és tu? Voz veloz
Que te conheço na metade da noz
Embalando a conserva de todos nós
Hoje e agora, na ribeira da foz

Vazia por dentro
Desprovida de fingimento
Olhar sem lugar
Vagueia em salvamento
Cavalgando assolapada
Por entre o prado e o preto
Procurando o baú do encantamento
Aprisionado de empurrão
Na cela da solidão
Onde me encontro
Ou não

Oh miúda donde vens?
Chega aqui, parabéns
Vem tomar o meu lugar
Neste vale medo
Chamado lar

Quem és tu? Voz veloz
Que te conheço na metade da noz
Embalando a conserva de todos nós
Hoje e agora, na ribeira da foz

1 comentário:

Anónimo disse...

Como te agarras à tua herança,
Nela pensas e remóis
Da dor andas à Caça
N entendo porque te móis

Como te compreendo
Na incessante procura
Agora não entendo
Onde não vales nada?
Isso é loucura

Nesta vida há de tudo
Quem nos dá valor
Quem vê em nós o amor
Mas também, a inversão de tudo

Se pelos meus olhos te visses...
Era o que precisavas e te faltava
pois descansado ficava
Pois queria que jamais sentisses

Que não és nada, mas tudo...


Sabes, vejo-te marcada por um passado que te injustiça, mas ao mesmo tempo, que não largas.
Não encontras as respostas nos baús velhos.Deixa-os apodrecer, até o tempo os fazer desaparecer. O seu conteúdo como revelas está inquinado, pela injustiça do falso, pela cegueira de alguém que nunca te conseguiu ver.
Não deixes que te abale ou demova, porque no teu mundo, o que interessa, tu és rainha e sabes o que queres e procuras. As desilusões nada são quando o prémio prometido é o fim do vazio que sentes.
O único medo que deves ter é querer o encher esse vazio, ou seja, colmatares a falta que sentes no agora com o erro no sentir, e apenas no íntimo do teu ser podes saber. Lembra-te que queres preencher o vazio e não enche-lo e tal só acontecerá com a reciprocidade do sentir, do estar e do ser.
Eu já caí no erro de encher o vazio e dei a alguém um desgosto de uma vida. Sinceramente, hoje prefiro a solidão da espera do prometido do que dar o que dei a quem jamais mereceu. Nunca traí alguém, mas traí-me pela fachada do sentimento.
Disse basta uma vez, para nunca mais repetir.
A ti apenas te aconselho a consultares o teu ser que te dirá o que sentes pois a dor que eu dei, também a vivi e asseguro-te que não a vais querer para ti.
Se estas segura que nada te impeça, pois podes ter a sorte de finalmente seres noz, não por metade mas pela totalidade.