terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Vida

Sentada, percorrendo as várias linhas coloridas, observo as personagens da sociedade portuguesa. Todas diferentes, todas iguais, vão caminhando pelos corredores das ruas incertas à espera do sinal sonoro das modas das estações. Ao meu lado, uma personagem sem vida encerra o capítulo semanal. As suas mãos não escondem a passagem bíblica da vida. O seu corpo transparece a essência da moral alegria outrora vivida junto dos esquecimentos da humanidade. Os olhares extraídos das recaídas faíscas temporais, denunciam os podres da educação colegial aos filhos das várias gerações. Continuo o meu percurso sob a alçada de S. Pedro. A calçada lisboeta encrava as mentalidades subjogadas aos mais variados papéis fúteis. Os actores ficcionais da necessidade motora conjugal, manipulam as ilações primárias do bem e do mal. Subo, parada, as escadas rolantes da alçada temporal. À minha frente, o protótipo do sonho ideal, esvoassa deslumbrante como uma cauda teatral. Os passos comunicam com os compassos das letras vigentes, ouvidas até então. Paro. Dou uma volta e caminho para ti. Encontro-te no meio do nada, mas perto de tudo. Sigo o teu cheiro a jasmin. A tua gabardine preta salienta todas as peças fundamentais sobre o manto das reticentes histórias imperiais. Não me chego a ti. As tuas costas largas abrigam as pesadas manchas do canal ilusório onde a realidade é apenas oportunidade. Afasto-me. O teu cheiro aindo o sinto, as tuas costas ainda as vejo. Mas para quê tudo isso se tu não és mais do que um desejo?

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