sábado, 23 de maio de 2009

Perspectiva


Passo e observo a mesma imagem todos os dias. Parece sempre diferente. Consigo retirar eficazmente cada pormenor daquele momento. A diferença confere à imagem uma denotação imaginária. Seja pela luz diferenciadora daquele segundo, seja pela simbolização dos sentimentos do momento. A imagem é sempre diferente conectada com a mudança da perspectiva. Altera-se com o contexto vivido no acto presente. Desejo parar a imagem, fixá-la naquele ponto de felicidade momentânea onde a calma se apresenta e o júbilo se instaura. Desejo retirar a pigmentação ocular do vasto horizonte, a par com as casas sob a linha do rio no instante em que o sol adormece e a lua toma vida. Compartilho a arte de observar com quem quer que esteja a comtemplar aquele momento mágico de luz sob o planalto do anoitecer que se faz acompanhar pela monitorização das nuvens, fornecendo ilusões visuais que culminam naquele segundo de pequeno prazer. Tenho a sensação que alguém também a vê. Anseio para que alguém a descubra também. Que a observe e ma descreva tal como a vê. Desejar que alguém a observe pode ser um acto de loucura. Talvez alguém com a mesma sorte de ter parado e dislumbrado da mesma perspectiva.

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