sábado, 29 de março de 2008

Carta de Despedida

Até amanhã...
Uma palavra tão simples e acreditável no nosso mundo.
Simbólica, atraente, desejável.
Dizemos até amanhã como se fosse... algo possível!
Concretizável!
Sentimos esperança.
Deixamos que nada nos diga o contrário.
Contamos sempre, acreditamos sempre que (o amanhã) existe!
Adormecemos! Sonhamos!
Acordamos para um novo dia.
Verificamos que nada mudou de ontem para hoje,
E que o amanhã se encontra tão distante!
Como pensar em amanhã?
Que palavra...
Que sentimento...
Que ilusão...
Como conseguimos viver?
E se o amanhã não existe?
Se for fruto de uma ideologia?
De algo criado tal como a fé?
Vivemos numa sociedade...
Não!
Sociedade, não!
Cada um vive tal como quer, como deseja,
Ou pelo menos tenta.
Eu... não vivo!
Deixo-me viver!
Deixo que o meu corpo se embale neste rodopio que é a vida!
Stress, cansaço, desespero, desencontros...
Todo este sofrimento para quê?
Para no final dizer: ”Como pude perder tanto da minha vida?!”
Acreditamos sempre no amanhã... certo?
Amanhã faço...
Deixo para amanhã...
Amanhã... Amanhã...
Sempre amanhã!
Que palavra!
Que vocabulário!
Porque anda sempre no nosso pensamento?
Porquê amanhã?
E não hoje?
Porque não nos concentramos no que é importante?
Nós...
O ser humano...
A pessoa...
Damos tempo, perdemos tempo, ocultamos tempo.
Fazemos tudo o que nos pedem e nos compete.
Somos parciais, imparciais.
Acreditamos, tentamos acreditar, fazem-nos acreditar.
Inteligentes, ingénuos, maduros, egoístas.
É tudo o queremos e que vamos ser.
Pessoas do presente e do futuro.
Sem capacidade de amar e de viver.
Apenas sobreviver.
Incrédulos nos sentimentos.
Crentes no poder.
Assim somos nós, no nosso pleno esplendor!
Queremos ser sempre alguém.
Queremos estar um passo à frente!
A planear sempre o futuro!
A pensar sempre no dia de amanhã!
(Mas...)
Eu... não acredito no amanhã...!!

Sem comentários: