quinta-feira, 10 de abril de 2008

Desculpa

Queres que te prometa o Mundo
Não consigo
Sou demasiado pequena
Para transportá-lo até ti
É demasiado pesada
A responsabilidade da promessa

Queres que te prometa o sonho
Não consigo
Não estou preparada
Não quero partilhar mais um
A dor é intensa
Quero viver

Queres que te prometa a razão
Estando ela do teu lado
Nos teus olhos
Na companhia do brilho
Do sorriso
Das covinhas

Queres que te prometa a eternidade
Não quero
Demasiado poético
Sem nexo
Somos nós que a criamos
Vivemos e apaixonamos

Queres que te prometa o lugar de topo
Não quero
Assusta-me
O pensamento é a arma mortífera
Dói demais
Outra vez...Não!


Queres que te prometa a saudade
Quando ela vive dentro de nós
Cresce quando não devia
Instala-se bem confortável
Para nunca mais sair
Para sempre lembrar

Queres que te prometa a vida
Não sei
È um furacão
Demasiado imprevisível
Com destruição à sua volta
Independente das raízes cultivadas

Queres que te prometa a felicidade
Não sei
Uma busca infernal
Com poucos minutos de vivência
Livremente saboreados
Saudade...sempre!

Queres que te prometa o sorriso
Quando ele vive
Livre e selvagem
Lado a lado
Contigo
Comigo

Queres que te prometa o dia
Talvez
Andar na areia
Um mergulho no mar
Rajadas de palavras
De mãos dadas

Queres que te prometa a noite
Talvez
Jantares ao luar
Velas e incenso
As estrelas a cintilar
Num banho perfumado

Queres que te prometa o momento
Sim
Tudo o que for apetecível
No espaço criado mutuamente
Onde as acções
São pretendidas às palavras

Queres que te prometa o beijo
Sim
O eterno fugor do momento
O calor exalado
Com o toque macio do vermelho
E a duplicação da jabuticaba

Desculpa
A realidade é cruel demais
A vontade vai contra a razão
És demasiado grande para mim
Não sei se existes
Tenho medo que sejas de cristal.

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